A sociedade passou e tem passado por grandes transformações nas formas de se relacionar, de se comunicar, no modo como se aprende. O uso das tecnologias proporciona que as informações cheguem até as pessoas de forma quase que instantânea ao momento em que são divulgadas. Isso faz com que não haja limites de tempo e espaço para compartilhar informações.
As TICs e as TDICs são mediadoras das experiências humanas, sendo uma característica fundamental da cultura digital. Isso quer dizer que, através do uso das tecnologias, a sociedade enxerga e experimenta o mundo, produzindo e sendo produto do modo de vida atual.
Sendo presente em todos os espaços, a cultura digital também está presente no ambiente escolar. No entanto, as formas de compreender o aprendizado precisam ser enxergadas sob a ótica da cultura atual que vivemos, totalmente conectada em redes, dinâmica e com uma enorme fluidez de informação, fazendo com que a escola deixe de ser a única instituição a repassar ou socializar conhecimento.
Professor e aluno não tem mais os mesmos papéis que tinham antes, de transmissor e receptor de conhecimento, respectivamente. O professor deve, já em sua formação, buscar incorporar a inovação em sua prática, quebrando o paradigma de detentor do saber, entendendo que seu papel é proporcionar ao aluno a organização de sua própria aprendizagem, permitindo que o mesmo seja protagonista desse aprendizado. Assim, o professor é um mediador desse conhecimento.
É preciso compreender que a internet vai além de uma ferramenta de comunicação, pesquisa, processamento de informações. De acordo com Castells, precisamos compreender que a internet é um novo espaço global para a ação social e que este espaço extende-se para o aprendizado e para a ação educacional.
Há uma frase, de autoria desconhecida, obtida através de conversas familiares informais desta que vos escreve, que exemplifica bem como o uso das tecnologias ainda enfrenta barreiras no âmbito educacional:
"O aluno está no século XXI, o professor está no século XX e a escola está no século XIX".
Numa sociedade tão conectada, as dificuldades com relação a inserção das tecnologias na prática pedagógica se apresentam já na formação do educador. Segundo Siemens e Downes, as teorias de aprendizagem (behaviorista, cognitivista e construtivista) não dão conta de entender os processos formativos na sociedade de hoje. Eles trazem a ideia do conectivismo como um novo modelo de aprendizagem, entendendo que o uso das tecnologias transformam o modo como as pessoas trabalham e funcionam, e que o aprendizado não pode ser entendido como uma atividade interna, individualista.
Alguns teóricos rebatem essa ideia, reconhecem toda a importância da conectividade, mas não a compreendem como uma nova teoria de aprendizagem, mas sim como uma perspectiva pedagógica. Partilho dessa concepção, entendendo que a relação mediada por outrem, por signos, símbolos e artefatos é trazida por Vygostsky, quando este diz que o homem aprende inserido na sociedade e por estes meios.
A cultura digital e o conectivismo são realidades da nossa sociedade atual. Quando a escola impõe barreiras a essa realidade, está privando o aluno de florescer na era digital.